Acotirene, Dandara e Mahin estão de volta para contar mais sobre suas histórias, histórias da diáspora negra.

Até pouco tempo atrás a história da África se resumia em antiguidades e egípcios.

Mas, fato é que a história da África vai muito além…

Nós vivíamos cercados por florestas, savanas, montanhas, mar e o deserto, convivendo com uma rica fauna, vivíamos em pequenos reinos. Dominávamos técnicas de agricultura, metalurgia e mineração. Cultuávamos a natureza e diversos deuses, mas sempre acreditando em um Deus maior e criador.

Estreitávamos laços através do casamento, evitávamos guerras, mas quando o conflito era inevitável, não era por questões de expansões territoriais.

Com a exploração européia pela costa da África, os nativos começaram a ser capturados e enviados para a Europa como escravos. Essa rota do tráfico negreiro mudou a partir da colonização do Novo Mundo, e o comércio de seres humanos atingiu grandes proporções pela necessidade de mão de obra.

Os portugueses dividiram os africanos em 3 grandes grupos: Os sudaneses, os guinenos sudaneses muçulmanos e os bantus.

O Brasil recebeu cerca de 40% de todos os escravos trazidos para a América. Eles vieram para trabalhar no cultivo da cana de açúcar no Nordeste, no ciclo do ouro em Minas Gerais e nas lavouras de café no Rio de Janeiro.

Assim que chegaram ao Brasil eram proibidos de praticar sua religião e eram obrigados a adotar o catolicismo e a língua portuguesa. Conseguiam manter parte de suas culturas vivas, realizando seus rituais africanos escondidos, criando até um tipo de luta: A capoeira.

Com os excessos de maus tratos, as revoltas se tornaram muito comuns nas fazendas, fazendo com que grupos de escravos organizados fugissem e formassem nas florestas os famosos Quilombos, onde viviam em liberdade em comunidades similares as que existiam na África.

Alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade, adquirindo sua carta de alforria. E com o constante crescimento do sentimento abolicionista, o fim da escravidão era questão de tempo. Mas infelizmente, apesar do promover sua liberdade jurídica, a abolição não garantiu condições de vida dignas para o ex escravos.

O preconceito e a discriminação os impediam de encontrar trabalhos nas cidades.

A escravidão deixou cicatrizes profundas. Vivemos ainda hoje em condições inferiores aos brancos, devido ao grande processo de exclusão social. É uma situação degradante considerando a imensurável participação do povo preto na construção do Brasil. Os africanos foram sobretudo fonte de informações para os portugueses, que não tinham conhecimento sobre cultivo e exploração de produtos em regiões tropicais. Foi a tecnologia africana, com seu conhecimento agrícola aprimorado por milênios, além de suas técnicas de mineração, que tornaram possíveis os principais ciclos econômicos do Brasil, como a cultura da cana de açúcar, a extração mineral e o cultivo do algodão e do café, gerando riqueza e transformando a história do país.

Estima-se que chegaram ao Brasil cerca de 5 milhões de africanos entre os anos de 1500 e 1850, de um total de 6 milhões que deixaram a África em regime de diáspora.

Nossa coleção chega para nos inspirar a honrarmos nossa ancestralidade, pois somos descendentes de Reis e Rainhas, descendentes de um povo guerreiro que construiu nações, descendentes de um povo inteligente, corajoso, criativo, autêntico, talentoso e donos de uma cultura riquíssima.

Isso tudo faz de nós herdeiros e herança,e afirmar-se HERANÇA AFRICANA é se reconhecer extremamente precioso para si próprio e para o mundo.